X Enat aborda conversão de dados em conhecimento
Será firmado protocolo para distribuição de versão de ferramenta de Business Intelligence da Receita Federal, o ContÁgil Lite, às Secretarias de Fazendas e de Finanças.
Business Intelligence (BI) é a capacidade que a organização possui de extrair conhecimento de seus dados. O assunto foi tema de painel do terceiro dia de atividades do X Encontro Nacional de Administradores Tributários (Enat).
“Esse é um tema bastante inovador”, disse Cláudio Vasconcelos Braga, auditor-fiscal da Coordenação-Geral de Tecnologia da Informação (Cotec) e gerente do projeto de Mineração de Dados da Receita Federal. “As tecnologias tradicionais não são capazes de prover um processamento tão rápido quanto necessário. Por isso, nos últimos anos, surgiram modernas tecnologias, tanto de software quanto de hardware, que conseguem prover um processamento muito mais rápido e eficaz”, apontou.
Braga discorreu sobre a arquitetura de referência BI dentro da Receita Federal e sobre as capacidades analíticas que estão sendo implementadas dentro do Órgão. “Na Receita, os dados são extraídos dos sistemas fonte e também do Sped (Sistema Público e Escrituração Digital), passam por um processo de validação, transformação e integração e são carregados em um grande banco de dados. A partir daí, diversas ferramentas podem acessar esse conjunto de dados e extrair conhecimento”, explicou, enfatizando a multiplicidade de ferramentas de extração à disposição dos usuários. O self-service é uma das premissas. “O usuário, usando as ferramentas BI, obtém o conhecimento que ele acha necessário sem intervenção direta da área de tecnologia”, disse.
O auditor-fiscal falou ainda das quatro capacidades analíticas que estão sendo desenvolvidas no âmbito da Receita Federal e ajudam a responder perguntas-chave: descritiva (o que aconteceu?), diagnóstica (por que isso aconteceu?), preditiva (o que vai acontecer?) e de direcionamento (o que eu devo fazer?). Exemplos de ferramentas que utilizam as capacidades são dashboards; aplicativos Online Analytical Processing (Olap) e Data Discovery; MicroStrategy, ContÁgil e ferramentas de Mineração de Dados (como a SAS).
Na área de mineração de dados, Braga citou o exemplo de um projeto piloto focado no Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). “Nesse projeto, foram identificados dez escritórios de contabilidade especializados em fazer declarações do IRPF com isenção indevida do imposto. Os valores das restituições foram superiores a R$ 12 milhões”, contou.
Felippe Aquino de Moura, chefe da Divisão de Projetos Estratégicos da Fiscalização da Receita Federal e gestor do ContÁgil, fez uma apresentação sobre o sistema desenvolvido internamente na Receita Federal. Trata-se de um sistema que oferece ferramentas para que o usuário trabalhe com os mais diversos dados. Iniciado em 2007, pelo auditor-fiscal Gustavo Figueiredo, o ContÁgil é um aplicativo desktop baseado em software live. “O ContÁgil surgiu como um visualizador gráfico de fluxos contábeis”, disse Moura, que acrescentou que os aprimoramentos do sistema vêm sendo feitos paulatinamente com a colaboração dos usuários. Hoje, o sistema já possui 273 funcionalidades.
A ferramenta foi pensada e customizada para uso na Receita Federal. “Por conta do sucesso, foi surgindo o interesse das Secretarias de Fazenda e de Finanças de utilizar o ContÁgil e a Receita Federal assumiu o compromisso de gerar uma versão do sistema para uso dessas secretarias: o ContÁgil Lite”, disse Moura. Trata-se de uma versão com as principais funcionalidades genéricas da ferramenta, tais como importação de arquivos específicos e genéricos; visualização gráfica da contabilidade dos contribuintes; Modelo Analítico Dinâmico com mais de 170 fórmulas; exploração de gráficos; mineração de dados e scripts. “É através desses scripts que cada Secretaria vai poder criar suas próprias regras de negócios, com seus próprios batimentos”, salientou o palestrante. Será firmado um protocolo para distribuição desse sistema às Secretarias.
O último palestrante do painel foi Cláudio Roberto Alves Ferreira, agente-fiscal de rendas da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz/SP), que discorreu sobre o ambiente BI no Órgão, abordando a infraestrutura, as ferramentas utilizadas e os exemplos de mineração de dados. O BI já está instalado na Sefaz/SP há cerca de dez anos. Hoje, existem três ferramentas principais à disposição. “As próprias áreas de negócios montam seus dashboards, suas análises. Qual ferramenta vai ser usada fica a critério do usuário final”, explicou Ferreira.
O Data Warehouse permite a construção e execução de relatórios e gráficos. Já a ferramenta de análise visual permite a visualização dos dados de maneira gráfica e interativa. Por fim, a ferramenta de análise estatística permite a construção de modelos para descobrir padrões e tendências. Um exemplo de mineração de dados apontado por Ferreira foi a Operação Quebra -Gelo, iniciada em 2012, e que teve como foco identificar e fechar empresas que faziam emissão irregular de notas fiscais. “Utilizando a seleção a partir da ferramenta, nós conseguimos uma assertividade de 80%”, contou.
A delegada da Delegacia Especial de Maiores Contribuintes (Demac) da Receita Federal em São Paulo, Márcia Cecília Meng, foi a moderadora do painel. “Os dados são a base do nosso trabalho. Mas, muitas vezes, para quem está na ponta, usando o sistema, é até difícil imaginar todo o trabalho que está por traz, feito pelos colegas da área de tecnologia da informação”, lembrou.
Fonte: Receita Federal (Informe-se - 23/10/2015)